sexta-feira, 15 de julho de 2016

“CHRIS”, O HERÓI CANINO


Antes de contar a história do “ator” canino, um preâmbulo se faz necessário para eu dizer que todos os meus “chegados” sabem de minha paixão por cães. Tive a sorte de ter casado com alguém que os amava mais do que eu. Sempre que posso, gosto de contar fatos ligados ao mundo canino, que, aliás, é intimamente ligado ao mundo dos humanos. O filme “Rastros de Ódio” (The Searchers/1956) é uma obra prima do mestre John Ford. Creio tê-lo assistido mais de 70 vezes. Já cheguei a vê-lo cinco vezes no mesmo ano. Sou fascinado pela estória, a fotografia, a trilha sonora, o elenco e, claro, a direção. Ford é o meu diretor de cinema preferido - entre os americanos... O filme, ambientado no Texas, no ano de 1868,conta a história de Ethan Edward (John Wayne), que passa sete anos em busca de sua sobrinha, Debbie (Lana Wood), raptada pelo terrível “Scar” (Henry Brandon), chefe de um grupo de índios comanches. Entre os humanos, ditos “civilizados”, circula este cãozinho que aparece nas fotografias que ilustram este texto. Recentemente fiz uma busca danada para identificar sua raça. Perguntei no Facebook, no whatsapp, ninguém soube responder, exceto a prima de Wilson Roberto, que muito me ajudou dizendo se tratar de um cão Bobtail. Fui ao Google ver fotos da raça e achei muito diferente. “O bichinho do filme está meio rabugento”, questionei. “mas, pela época contada no filme, às dificuldades vivendo em terras áridas, pode ser que a equipe de maquiagem tenham feito alguma mudança no animal”, frisei. No momento que enviei o meu comentário, coincidiu com a chegada da mensagem de Wilson, que dizia: “...O do filme não poderia aparecer tão bonito quanto o dessas fotos, porque, afinal, estava no Texas no ano de 1868. A agua não deveria ser fácil.” Rindo, por causa da coincidência, respondi ao amigo: “Pensamos juntos. Vou usar os dois comentários aqui no meu texto. Wilson reclamou o “premio” para a sua prima Daniela, que foi decisiva na identificação do animal, que muitos pensaram tratar-se de um Pug. Finalizei questionando se eu realmente havia prometido o tal premio... O cãozinho da família Edwards aparece na primeira cena, quando Ethan, voltando da Guerra de Secessão, se aproxima da casa do irmão. Toda a família está no alpendre lhe aguardando. “Chris” late sua desconfiança. Há quem diga que, ao contrário de que imaginamos, ao adotamos um cão, na verdade é ele quem “adota” alguém na família para se sentir confiante. Com isso, subentende-se que Debbie fora a escolhida, pois a maioria de suas cenas (em pouco mais do minuto vinte e três da película rodando), aparece sempre ao lado da criança. Exceto quando alerta a família da aproximação dos peles-vermelhas, mas isso já no fim do dia seguinte. Depois da janta, quando todos estão se recolhendo para dormir, Ethan senta no batente a entrada da casa. “Chris” chega balançando a calda, dando, finalmente, suas “boas-vindas”. Provavelmente já sente que pode confiar naquele homem estranho. O ex-confederado é um homem terrivelmente amargurado e só, mas, lhe faz um afago. O pequeno peludo aceita o carinho e senta ao lado do até então desconhecido. Ethan não imagina que, no dia seguinte, é aquele pequeno animal quem lhe dá a primeira pista do paradeiro da menina. Sim, foi ele o único a testemunhar o rapto. Por isso seus latidos levan Ethan até o alto do pequeno cemitério da família, onde repousa sua mãe, muito provavelmente - pois o roteirista do filme, Frank S. Nugent, só lembrou-se de nos dizer que a avó da criança está enterrada naquele local. “Chris” late, desesperadamente até Ethan chegar onde ele estar. Junto a lápide a menina deixou cair sua boneca e um pequeno avental.  Depois dali, há um corte e a cena já é a do enterro da família do ex-soldado. Não o vemos mais o cãozinho “Chris”. Eu muito desejaria que ele tivesse sido aceito pela família Jorgensen, mas, não é bem isso o que aconteceu, pois, em nenhum momento reaparece em cena. Nem no fim da estória, quando Ethan volta com a agora adolescente Debbie (agora vivida pela atriz Natalie Wood). Nunca saberemos o destino que tomou aquele pequeno animal. Lamentavelmente, nem Nugent, muito menos Ford se preocuparam em dar continuidade a historia do pequeno “Chris”, afinal, ele foi muito importante na busca, e achado, de Debbie. – [chico potengy]









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