quinta-feira, 23 de agosto de 2012

O FOLCLORE VISTO POR MINHA ESPOSA

Ontem, dia 22 de agosto, foi comemorado o Dia do Folclore brasileiro.

Eu já fui um apaixonado pelas manifestações folclóricas. Esperava, com ansiedade, o mês de dezembro, só para apreciar a arte popular
durante o Ciclo Natalino. Minha mulher tinha verdadeira ojeriza a folclore. E terminou “botando areia” na minha farra.

Um dia ela sentou na cama e, me puxando para o lado dela, disse-me:

- Meu “filho”, você acha que folclore é algo importante? Não passa de um engodo do sistema para manter o pobre no seu devido lugar. Eu lhe conheci fã de John Wayne, de Luiz Gonzaga. Comendo picado (sarapatel) em banca de feira, sem nenhum tipo de higiene. E até folclore, César?”

Argumentei:

- Mas, minha “filha”, o folclore é a riqueza cultural de um povo. Uma manifestação popular importante para se saber uma parte história das civilizações.

Impávida, com um olhar de dar medo a um torturador chinês, continuou:

- “Neguinho”, folclore é coisa de pobre. Só é importante para quem vive de ganhar dinheiro em cima disso. Aqueles privilegiados, de alguma instituição cultural. O que não é seu caso. E desafiou:

- Escute aqui, “Chico Preto”, você sabe me dizer se a deputada Márcia Maia (filha da ex-deputada Federal, ex-prefeita de Natal e ex- governadora do Estado) já foi “Diana” em algum pastoril?

- Não! Disse eu, inchando pra dá uma sonora risada.

- Você sabe me dizer se Ana Catarina (filha do ex-deputado Federal, ex-governador do estado, ex-ministro do governo Sarney) foi “rainha” em algum Congo de Calçola?

- Não! Respondi.

- Me diga se esse menino (Filipe Maia) de José Agripino Maia (ex-prefeito de Natal, ex-governador do estado e atual senador da República) já dançou marujada?

- Não!

- César, e Henrique Eduardo Alves (também filho de Aluizio Alves) já foi “Birico” em algum boi-de-reis?

- Não! Respondei chorando de tanto rir. Na verdade eu ria mais com a cara dela, fechada e ar severo - parecendo mais uma diretora de escola dando bronca num aluno - do que das ridículas perguntas em si.

Calmamente ela virou meu rosto em direção ao seu. Fitou-me por um momento, com seu olhar mais gelado impossível – daqueles de amedrontar um bravo guerreiro apache - respirou fundo e transformou aquele olhar no mais puro e angelical possível. Beijou suavemente meu rosto e, com a ternura da Virgem Maria num quadro de Leonardo Da Vinci, um tom compreensível na voz, me censurou dizendo:

- Meu “filho”...

(FCB/CP
)

Um comentário:

  1. Chico, sei da importância da cultura e do folclore, mas em certo aspecto, concordo com sua esposa. Parabéns pelo ótimo texto.

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