No começo da década de
1990, quando passei a frequentar, diariamente, a Calçada do Café São Luiz,
havia umas mocinhas vendendo “raspadinha” - um tipo de bilhete que, ao raspar
sua tarja prateada, aparecia um prêmio. Pelo menos era isso que as vendedoras
prometiam. Claro que, como todo jogo de azar, a proporção de ganho era
insignificante.
Entre aquelas jovens
havia uma, “agressiva” no seu vestir. Aparecia quase nua, dentro de um surrado
shortinho jeans – se muito tivesse era um palmo de tamanho - semi enfiado no
“rabo” empinado e exibindo um torneado par de pernas, e uma blusa cujos seios
só faltavam cair na cara do freguês. Por se considerar gostosa e bonita,
cabelos negros até a cintura, era extremamente atrevida, no seu jeito de vender, e já chegava se esfregando oferecendo seu produto. Os mais afoitos deliravam com
a visão vulgar daquela jovem.
Uma tarde ela encontra
o poeta Jonas Ramos na esquina da Princesa Isabel com João Pessoa, na calçada
do Edifício Santa Anízia, e faz sua “pressão” de venda. O homem, educadamente fez
um gesto com a mão dispensando apressadamente a proposta.
O senhor é Jonas é um
homem de excelente conduta. Invulgar, ético, educado, e um intelectual. Muito
sério, mas, sabe fazer uma boa “graça” no momento certo. Pois bem, quando
chegou ao Café, rapidamente narrou sua experiência com aquela garota atrevida,
declamando a seguinte trova:
“Peitou-me, linda
mocinha
de sumaríssima bermuda
me ofereceu ‘raspadinha’
eu disse: Não! Cabeluda”. - fcésar
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