terça-feira, 6 de agosto de 2013

O GOSTO DO FREGUÊS


No começo da década de 1990, quando passei a frequentar, diariamente, a Calçada do Café São Luiz, havia umas mocinhas vendendo “raspadinha” - um tipo de bilhete que, ao raspar sua tarja prateada, aparecia um prêmio. Pelo menos era isso que as vendedoras prometiam. Claro que, como todo jogo de azar, a proporção de ganho era insignificante.

Entre aquelas jovens havia uma, “agressiva” no seu vestir. Aparecia quase nua, dentro de um surrado shortinho jeans – se muito tivesse era um palmo de tamanho - semi enfiado no “rabo” empinado e exibindo um torneado par de pernas, e uma blusa cujos seios só faltavam cair na cara do freguês. Por se considerar gostosa e bonita, cabelos negros até a cintura, era extremamente atrevida, no seu jeito de vender, e já chegava se esfregando oferecendo seu produto. Os mais afoitos deliravam com a visão vulgar daquela jovem.

Uma tarde ela encontra o poeta Jonas Ramos na esquina da Princesa Isabel com João Pessoa, na calçada do Edifício Santa Anízia, e faz sua “pressão” de venda. O homem, educadamente fez um gesto com a mão dispensando apressadamente a proposta.

O senhor é Jonas é um homem de excelente conduta. Invulgar, ético, educado, e um intelectual. Muito sério, mas, sabe fazer uma boa “graça” no momento certo. Pois bem, quando chegou ao Café, rapidamente narrou sua experiência com aquela garota atrevida, declamando a seguinte trova:

“Peitou-me, linda mocinha
de sumaríssima bermuda
me ofereceu ‘raspadinha’
eu disse: Não! Cabeluda”. - fcésar

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