sábado, 3 de agosto de 2013

DE FILATELIA E DE CARLOS ZENS

Eu sempre quis escrever sobre Carlos Zens, mas nunca encontrava um “gancho” para começar. Hoje eu encontrei...

Ontem (02/08) aconteceu a festa dos Correios, comemorando seus 350 anos de existência e os 170 do lançamento do Primeiro Selo Brasileiro – o Olho de Boi. Fato ocorrido em 1º de agosto de 1843. O Brasil foi o segundo país (o primeiro nas Américas) a emitir Selo Postal. A Diretoria dos Correios no RN escolheu a ocasião para homenagear um pequeno e fiel grupo que impunham, bravamente, a bandeira da filatelia em nossa cidade. É uma luta inglória, diante da internet e jogos eletrônicos em geral. O colorido das telas é um encanto para iludir as novas gerações... Mas também reconheço que é preciso ter um dom, todo especial, para ler “história” em um simples pedacinho de papel... Aproveito a ocasião para dizer que não conheci um filatelista que tenha deixado herdeiro. Geralmente quem fica crer que vai ficar rico, mas, o que ganha mesmo é uma grande decepção. Geralmente as casas filatélicas, quando muito, pagam 30% do valor real. Em meu testamento vou recomendar a minha filha doar toda a minha coleção para uma criança... 

Entre os agraciados com o Bloco Comemorativo a data – e que obliteraram as peças - estava os filatelistas Fcésar Barbosa, Bob Furtado, Cleudivan Jânio, José Cirilo. Este último me presenteou com dois CD Ron do Scott 2013. Uma gentileza inesquecível por parte do meu mais recente colega – eu havia, outro dia, comentado com ele que meu defasadíssimo catálogo Scott era uma Edição de 1991. E impresso em quatro enormes e pesados volumes. O homem ficou horrorizado com a minha tamanha “pobreza” das atualizações das emissões nos últimos 21 anos, se comoveu com minha “desgraça” e, com seu sorriso melhor, me deu os dois discos contendo os seis volumes atuais. E você, meu caro leitor, nem imagina o tamanho da minha ansiedade, para chegar em casa e abrir o arquivo. Maravilha...

Dentro da festividade comemorativa ouve um Festival de Música de Funcionários dos Correios. O corpo de jurados ficou composto do instrumentista, compositor e cantor Carlos Zens, a curadora do Solar Bela Vista Dodora Guedes, o jornalista Diógenes Dantas, o compositor e cantor Fernando Luiz (pai da top model Fernanda Tavares) e da cantora e apresentadora Lucinha Lira. A música vencedora, que vai representar o Estado na final em Maceió, é de um funcionário da cidade de Pureza. O rapaz chegou vestido de cangaceiro em rebentou com seu “Chinelo de sola com catinga de chulé”. Pessoalmente eu fiquei muito feliz. Até parecia que a música era minha. É porque, como bem disse o filosofo Chico Potengy: “Natal é a cidade mais desnordestinada do Nordeste”. Nossa cidade não é de cultuar o que é originário seu. Tudo o que “vinga” em Natal tem de ser de fora. De muito longe... A TV é cheia de forasteiros “chiado” feito tampa de chaleira quando a água está fervendo, as FM é... Nos shopping só é gerente se for de fora. Em Natal, a Capital do riquíssimo Estado do Rio Grande do Norte (e sem Sorte) não existe uma moça com competência para administrar uma loja de shopping. As instituições federais, só forasteiros...: Exército, marinha, aeronáutica, Polícia Federal, IBAMA, e por aí vai - aliás, Me causou gostoso espanto quando eu soube que o novo Diretor Regional dos Correios é um seridoense... De modo que quando um conterrâneo meu se destaca, vibro de felicidade. A banda Perfume de Gardênia deu total apoio nos arranjos dos participantes.

Meio-dia de hoje, na calçada do café São Luiz, depois de beber uns oito “cafezes” (só três foi com o “judeu” Manoel Moura), já ia arrumando o “cavalo” para voltar para casa, encontro Carlos Zens. Chegou apressado e suado, com seu luminoso sorriso me estendeu sua mão dizendo: “Vim correndo por que sabia que lhe encontraria aqui. Queria falar com você sobre o Festival de ontem. Cara, que massa! Eu me diverti demais. Aquele rapaz que cantou ‘Eu só quero um xodó’, de Dominguinhos, vestido com aquele chapéu de ‘Mazzaropi’ foi demais! Viu aquela garota que interpretou Zé Keti? Voz linda ela tem... e personalidade”. Tivemos de ir para um lugar mais sossegado. Várias pessoas apareceram para apertar sua mão. Eu sugeri: “Carlinhos, ande com uma placa, informando que, por cada aperto de mão você ganhará um real. Vai ficar rico”. Ele só faz rir das minhas bobas bobagens. Fomos ali para um cantinho da Rua Coronel Cascudo. Ele “atacou” no açaí do Pará e eu no mate com limão. Estava uma delícia. A chuva já cessou. O calor voltou. Trinta e danose...

Eu conheço Carlos há uns vinte anos. Ainda do tempo que ele viajava em sua “cinquentinha” para tocar com Pedrinho Mendes. E a cada dia temos uma enorme simpatia um pelo outro. Mas..., espere aí! Carlos Zens é aquela pessoa que emana luz, paz, solidariedade. Um carisma. Quem não gostar de Carlos Zens não vai gostar de mais de ninguém neste mundo. Pense num artista – conhecido na Europa, França e Bahia – onde o estrelismo não tem vez... Sua cabeça é a mesminha de quando era menino sambundo no bairro das Rocas. Você ver Carlos na TV com Jô Soares, Rolando Boldrin, Lucinha Lira, Fátima Melo, e seja onde for ele é sempre o mesmo. Anda de ônibus, anda a pé... Vai aos suntuosos salões da elite e vai também visitar seu grupo de meninos e meninas carentes do proletário bairro de Felipe Camarão. Lá ele desenvolve, sob as bênçãos do patrocínio da Petrobras, um trabalho voluntário (sem ganhar um tostão para si) onde desenvolver a arte da música. Dali já saiu gente para a UFRN nas áreas de arquitetura, gestão empresarial, entre outras. E para aqueles que acreditam em Deus eu digo: Só Deus em que pode pagar, com justiça, o árduo trabalho desenvolvido por este rapaz de coração manso, cativante. Uma alma comprometida com o próximo. Com a qualidade de vida das próximas gerações. Com a cidadania do nosso país. Meu caro leitor você, nem em sonho, imagina como ele já foi tentado, por muitos natalenses, a largar o Projeto. O que já “cozinharam” no ouvido dele não é brincadeira... Para quem não conhece a Terra de Cascudo eu repito: Natal é a cidade onde um sujeito gasta mil para outro não ganhar cem... Mas, Carlos acredita no que faz. Chegando inclusive a sacrificar seu tempo no lar, ao lado de sua paciente Antonia, mas vai a luta para que aquelas crianças tenha um mundo melhor...

Depois fui levá-lo em sua casa. Cada vez que encontro Carlos Zens minhas “baterias” de solidariedade se renovam. É uma figura iluminada numa Natal tão carente de candeias... - (fcb/cp)

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