Eu sempre quis escrever
sobre Carlos Zens, mas nunca encontrava um “gancho” para começar. Hoje eu
encontrei...
Ontem (02/08) aconteceu
a festa dos Correios, comemorando seus 350 anos de existência e os 170 do
lançamento do Primeiro Selo Brasileiro – o Olho de Boi. Fato ocorrido em 1º de
agosto de 1843. O Brasil foi o segundo país (o primeiro nas Américas) a emitir
Selo Postal. A Diretoria dos Correios no RN escolheu a ocasião para homenagear
um pequeno e fiel grupo que impunham, bravamente, a bandeira da filatelia em
nossa cidade. É uma luta inglória, diante da internet e jogos eletrônicos em
geral. O colorido das telas é um encanto para iludir as novas gerações... Mas
também reconheço que é preciso ter um dom, todo especial, para ler “história”
em um simples pedacinho de papel... Aproveito a ocasião para dizer que não
conheci um filatelista que tenha deixado herdeiro. Geralmente quem fica crer
que vai ficar rico, mas, o que ganha mesmo é uma grande decepção. Geralmente as
casas filatélicas, quando muito, pagam 30% do valor real. Em meu testamento vou
recomendar a minha filha doar toda a minha coleção para uma criança...
Entre os agraciados com
o Bloco Comemorativo a data – e que obliteraram as peças - estava os
filatelistas Fcésar Barbosa, Bob Furtado, Cleudivan Jânio, José Cirilo. Este
último me presenteou com dois CD Ron do Scott 2013. Uma gentileza inesquecível
por parte do meu mais recente colega – eu havia, outro dia, comentado com ele
que meu defasadíssimo catálogo Scott era uma Edição de 1991. E impresso em
quatro enormes e pesados volumes. O homem ficou horrorizado com a minha tamanha
“pobreza” das atualizações das emissões nos últimos 21 anos, se comoveu com
minha “desgraça” e, com seu sorriso melhor, me deu os dois discos contendo os
seis volumes atuais. E você, meu caro leitor, nem imagina o tamanho da minha
ansiedade, para chegar em casa e abrir o arquivo. Maravilha...
Dentro da festividade
comemorativa ouve um Festival de Música de Funcionários dos Correios. O corpo
de jurados ficou composto do instrumentista, compositor e cantor Carlos Zens, a
curadora do Solar Bela Vista Dodora Guedes, o jornalista Diógenes Dantas, o
compositor e cantor Fernando Luiz (pai da top model Fernanda Tavares) e da
cantora e apresentadora Lucinha Lira. A música vencedora, que vai representar o
Estado na final em Maceió, é de um funcionário da cidade de Pureza. O rapaz chegou
vestido de cangaceiro em rebentou com seu “Chinelo de sola com catinga de
chulé”. Pessoalmente eu fiquei muito feliz. Até parecia que a música era minha.
É porque, como bem disse o filosofo Chico Potengy: “Natal é a cidade mais
desnordestinada do Nordeste”. Nossa cidade não é de cultuar o que é originário
seu. Tudo o que “vinga” em Natal tem de ser de fora. De muito longe... A TV é
cheia de forasteiros “chiado” feito tampa de chaleira quando a água está
fervendo, as FM é... Nos shopping só é gerente se for de fora. Em Natal, a
Capital do riquíssimo Estado do Rio Grande do Norte (e sem Sorte) não existe
uma moça com competência para administrar uma loja de shopping. As instituições
federais, só forasteiros...: Exército, marinha, aeronáutica, Polícia Federal,
IBAMA, e por aí vai - aliás, Me causou gostoso espanto quando eu soube que o
novo Diretor Regional dos Correios é um seridoense... De modo que quando um
conterrâneo meu se destaca, vibro de felicidade. A banda Perfume de Gardênia
deu total apoio nos arranjos dos participantes.
Meio-dia de hoje, na
calçada do café São Luiz, depois de beber uns oito “cafezes” (só três foi com o
“judeu” Manoel Moura), já ia arrumando o “cavalo” para voltar para casa,
encontro Carlos Zens. Chegou apressado e suado, com seu luminoso sorriso me
estendeu sua mão dizendo: “Vim correndo por que sabia que lhe encontraria aqui.
Queria falar com você sobre o Festival de ontem. Cara, que massa! Eu me diverti
demais. Aquele rapaz que cantou ‘Eu só quero um xodó’, de Dominguinhos, vestido
com aquele chapéu de ‘Mazzaropi’ foi demais! Viu aquela garota que interpretou Zé
Keti? Voz linda ela tem... e personalidade”. Tivemos de ir para um lugar mais
sossegado. Várias pessoas apareceram para apertar sua mão. Eu sugeri:
“Carlinhos, ande com uma placa, informando que, por cada aperto de mão você
ganhará um real. Vai ficar rico”. Ele só faz rir das minhas bobas bobagens.
Fomos ali para um cantinho da Rua Coronel Cascudo. Ele “atacou” no açaí do Pará
e eu no mate com limão. Estava uma delícia. A chuva já cessou. O calor voltou.
Trinta e danose...
Eu conheço Carlos há
uns vinte anos. Ainda do tempo que ele viajava em sua “cinquentinha” para tocar
com Pedrinho Mendes. E a cada dia temos uma enorme simpatia um pelo outro.
Mas..., espere aí! Carlos Zens é aquela pessoa que emana luz, paz,
solidariedade. Um carisma. Quem não gostar de Carlos Zens não vai gostar de
mais de ninguém neste mundo. Pense num artista – conhecido na Europa, França e
Bahia – onde o estrelismo não tem vez... Sua cabeça é a mesminha de quando era
menino sambundo no bairro das Rocas. Você ver Carlos na TV com Jô Soares,
Rolando Boldrin, Lucinha Lira, Fátima Melo, e seja onde for ele é sempre o
mesmo. Anda de ônibus, anda a pé... Vai aos suntuosos salões da elite e vai também
visitar seu grupo de meninos e meninas carentes do proletário bairro de Felipe
Camarão. Lá ele desenvolve, sob as bênçãos do patrocínio da Petrobras, um
trabalho voluntário (sem ganhar um tostão para si) onde desenvolver a arte da
música. Dali já saiu gente para a UFRN nas áreas de arquitetura, gestão
empresarial, entre outras. E para aqueles que acreditam em Deus eu digo: Só
Deus em que pode pagar, com justiça, o árduo trabalho desenvolvido por este
rapaz de coração manso, cativante. Uma alma comprometida com o próximo. Com a
qualidade de vida das próximas gerações. Com a cidadania do nosso país. Meu
caro leitor você, nem em sonho, imagina como ele já foi tentado, por muitos
natalenses, a largar o Projeto. O que já “cozinharam” no ouvido dele não é
brincadeira... Para quem não conhece a Terra de Cascudo eu repito: Natal é a
cidade onde um sujeito gasta mil para outro não ganhar cem... Mas, Carlos
acredita no que faz. Chegando inclusive a sacrificar seu tempo no lar, ao lado
de sua paciente Antonia, mas vai a luta para que aquelas crianças tenha um
mundo melhor...
Depois fui levá-lo em
sua casa. Cada vez que encontro Carlos Zens minhas “baterias” de solidariedade
se renovam. É uma figura iluminada numa Natal tão carente de candeias... - (fcb/cp)
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