sábado, 4 de fevereiro de 2012

UM ATO CANALHA


Um dia um governante acordou de uma sesta da tarde. Ao se dirigir ao terraço de seu imponente palácio foi surpreendido por uma lindíssima mulher, em sumaríssimo traje, lavando-se a beira de uma piscina. Ela agia com propósitos.

Aquele importante homem foi informado que a mulher era casada, que seu marido era um de seus soldados e estava em batalha na fronteira do país. Mesmo assim começou um romance, e deste surgiu uma gravidez.

Chamado ao palácio, o marido foi convidado a comer e beber com seu rei. Depois do banquete lhe oferecido, o jovem traído dormiu na sela destinada aos soldados aquartelados no palácio. Ele entendia que não era justo dormir no conforto, e nos braços da mulher amada, enquanto seus colegas, no acampamento, dormiam no chão e diante da morte.

Quando o rei soube ficou furioso. Esperava que aquele o homem fosse dormir com a esposa - que não via há sete meses – e assim aquela gravidez se caracterizaria como sendo do marido, e não dele.

A saída encontrada foi chamar o soldado, mais uma vez, a sua presença e encarregá-lo de levar uma mensagem ao seu comandante.

Ao entregar a tal mensagem, o rapaz soube que se tratava de uma ordem dizendo: “Ponha Urias na linha de frente e deixe-o onde combate estiver mais violento, para que seja ferido e morra”. Nada mais prático para se livra de um incômodo rival, que está sob seu comando, não é mesmo? Livre, a “viúva” correu para os braços do governante amado.

Esta linda e épica história encontra-se no 2º Livro de Samuel – no Velho Testamento -, capítulo 11 e versículos de 1 a 26. Personagens: o governante o rei Davi. A mulher, Betsabá. O marido, traído me assassinado, Urias. O general que o comandava era Joabe.

O autor desta canalhice toda é alardeado em filmes e seriados - no momento uma TV exibe sua história e, com ela, comemoram altíssimos índices de audiências. Curiosamente cristãos homenageiam o “Rei de Israel”. Os protestantes, mais radicais, fazem hinos e canções louvando seus feitos gloriosos. Aliás, os mesmos protestantes que desprezam “Maria de Nazaré”. Para que meu leitor tenha uma idéia, não há uma única música gospel onde mulher que foi “escolhida” para ser aquela que traria ao mundo o “Salvador”, seja lembrada. Estranho, não?

Os canalhas seguem vitoriosos. E eu, com minha insistente ingenuidade pergunto: Javé, onde porra estão os valores? Ou nunca houve valores? (CP)

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