Foi por um convite do meu amigo Normando Bezerra (na quinta-feira) que eu compareci a caminhada em homenagem aos festejos pelos 100 anos do meu bairro – o Alecrim - no domingo (30/10). Cheguei pontualmente às 8h00. Mas antes entrei no cemitério e fiz minha peregrinação anual - desde 1971 - aos túmulos de Luiz Soares, Henrique Castriciano, Eloi de Souza (pessoas que não conheci, mas que aprendi a reverenciar) e onde repousam alguns velhos companheiros de escotismo. Com muito desgosto vi que a última morada do velho professor - que fundou, em 1917, junto com os outros dois acima citados, o movimento escoteiro no Estado. Um dos raríssimos brasileiros condecorado, pelo próprio fundador do movimento escoteiro mundial, o Lorde inglês Robert Stephenson Smyth Baden-Powell , com o Tapi de Prata. A recompensa honorífica de mais alto mérito escoteiro – esteja praticamente abandonada e depredada. As argolas douradas, o Cristo crucificado, as letras em alto relevo foi tudo roubado. Só ficou o nome de “Luiz Soares de Araujo” porque está escrito em simples tinta preta. E sua fotografia, que certamente não interessa para venda. Naquele instante me perguntei: para que serve, afinal, a Guarda Municipal de Natal? Fui ao local da concentração, em frente à Igreja de São Pedro. E foi quando “caiu a ficha” - quando sai de casa, exibindo minha camisa mais bonita do Alecrim F.C. acreditei que estava indo a um grande evento cívico-religioso-militar. Ou seja: achei que lá estariam representações estudantis, funcionários públicos, líderes religiosos, comerciantes, e militares. Sim, porque o Bairro do Alecrim concentra várias instituições educacionais (estaduais, municipais e particulares), hospitais, postos de saúde, TV, bancos, igrejas dos mais diversos credos, quartéis e agremiações em geral. Esperei ver a banda de música da Marinha do Brasil, e até mesmo uma pequena delegação representativa daquela Arma, e nada - me lembrei que estava no Brasil, e, em particular, em Natal. Tão pobre de idéias... A outra grande decepção foi verificar que as grandes empresas, instaladas no bairro - redes de supermercados, farmácias, sapatarias, lojas de implementos agrícolas, óticas, entre tantas outras – não colaboraram com uma caixa de fósforos. Apenas duas instituições presentes “patrocinaram” o evento. Uma distribuindo garrafinhas porta-água e a outra, leque de papel com fotos históricas do bairro. Uma sapataria teve a iniciativa de confeccionar meia dúzia de camisas, com sua logomarca, mas, pela quantidade dos que a vestiam, deveriam ser todos da família do proprietário. A falta de participação foi geral. Não se via moradores em suas sacadas, ao menos jogando papel picado, ou qualquer tipo de manifestação de incentivo ao evento - que promete se repetir nos próximos anos. Não havia fogos artificiais anunciando o cortejo dos poucos cidadãos, alguns escoteiros, um reduzidíssimo grupo de religiosas e antigos moradores – que saíram dos seus bairros e vieram prestigiar. E só!
Eu estava com pouco mais de um ano de idade (em 1962), quando fui morar, na casa de um parente, em frente ao Café Vencedor, na Avenida 10. Em 1964 voltei para minha terra natal (Barcelona). No ano de 1965 fomos para São Tomé. No dia 2 de janeiro de 1966 chegamos de mudança em cima de um velho misto. Ficamos na Rua Santa Luzia, Quintas. Anos depois, mudamos para o Alecrim: avenidas 4, 11, na Artur Bernardes, Presidente Gonçalves, Cônego Monte e, finalmente, na Olinto Meira (mamãe mudava mais do que presidente na Bolívia). A caminhada de domingo me fez reviver parte da minha infância. Lembrei de alguns estabelecimentos (e pessoas) que marcaram a minha época no bairro: Cine São Sebastião (o “bostinha”, como o chamávamos cariosamente), o Quitandinha, o velho Mercado Público, Casa Azul, A Girafa Tecidos (“a dona da moda”), com uma "girafa" sempre a frente da loja (eu morria de medo dela), Casa Sem Nome, Farmácia Santa Helena, padarias Cial, Santa Célia, Santa Cecília, Cine São Luiz, as torrefações dos Cafés Vencedor, Dois Amigos, e Maia. Escola Padre Miguelinho (onde estudei). As missas na Igreja de São Sebastião. Lembrei da igrejinha evangélica – esquina das avenidas 10 com a 4. Aliás, foi exatamente em sua calçada, em 1963 - mamãe passeando comigo à mão – que ouvi “I Should Have Known Better” dos Beatles, em um carro estacionado. Quando ouço a música, instantaneamente me remeto aquele dia. Lembrei do dia em que vi Aluísio Alves. Fazendo a Campanha do Padre (1964), a passeata, vinda da Guarita, subiu a avenida 4 e entrou na 10. O “Caminhão da Esperança” foi passando em frente ao primeiro andar onde estávamos. Quando o governador estava a nossa frente eu “arrochei” o grito: Aluíííísio! Ele riu e, acenando, jogou um lenço branco. O tal foi cair no colo de uma tia minha, que dinartista doente, pediu minha cabeça. Mas, fui "salvo" pela compreensão de mamãe. Das pessoas que conheci me lembrei de seu Domingos (pai de Souza Silva), os chefes escoteiros Alencar, Lourenço (que estava presente ao evento), dona Alice, mãe do meu amigo Salvador, Pontes do DER, Chico, porteiro do “Padre Miguelinho”, e aquele doido negro que andava com uma argola no nariz e outra na orelha. Entre outros. E voltando a Caminhada, me lembro agora que, ao chegarmos à subida da Avenida 7, depois de atravessarmos aquele mar de sujeira e fedor de peixe (por que a prefeitura não lava as ruas depois que a feira acaba?), a Kombi, contratada pela prefeitura – eu escrevi “Kombi”. Não trio elétrico, como se faz na Cidade Alta! –, apagou. E aí foi aquela solidariedade total para fazê-la subir até a Avenida 2. Depois de passarmos por muitos sacos de lixo, ao longo de toda caminha, chegarmos a Praça Gentil Ferreira. Políticos subiram ao palanque para discursar. E, cansado de ouvir falsas promessas e mentiras, me retirei do evento. - [cp]
Eu estava com pouco mais de um ano de idade (em 1962), quando fui morar, na casa de um parente, em frente ao Café Vencedor, na Avenida 10. Em 1964 voltei para minha terra natal (Barcelona). No ano de 1965 fomos para São Tomé. No dia 2 de janeiro de 1966 chegamos de mudança em cima de um velho misto. Ficamos na Rua Santa Luzia, Quintas. Anos depois, mudamos para o Alecrim: avenidas 4, 11, na Artur Bernardes, Presidente Gonçalves, Cônego Monte e, finalmente, na Olinto Meira (mamãe mudava mais do que presidente na Bolívia). A caminhada de domingo me fez reviver parte da minha infância. Lembrei de alguns estabelecimentos (e pessoas) que marcaram a minha época no bairro: Cine São Sebastião (o “bostinha”, como o chamávamos cariosamente), o Quitandinha, o velho Mercado Público, Casa Azul, A Girafa Tecidos (“a dona da moda”), com uma "girafa" sempre a frente da loja (eu morria de medo dela), Casa Sem Nome, Farmácia Santa Helena, padarias Cial, Santa Célia, Santa Cecília, Cine São Luiz, as torrefações dos Cafés Vencedor, Dois Amigos, e Maia. Escola Padre Miguelinho (onde estudei). As missas na Igreja de São Sebastião. Lembrei da igrejinha evangélica – esquina das avenidas 10 com a 4. Aliás, foi exatamente em sua calçada, em 1963 - mamãe passeando comigo à mão – que ouvi “I Should Have Known Better” dos Beatles, em um carro estacionado. Quando ouço a música, instantaneamente me remeto aquele dia. Lembrei do dia em que vi Aluísio Alves. Fazendo a Campanha do Padre (1964), a passeata, vinda da Guarita, subiu a avenida 4 e entrou na 10. O “Caminhão da Esperança” foi passando em frente ao primeiro andar onde estávamos. Quando o governador estava a nossa frente eu “arrochei” o grito: Aluíííísio! Ele riu e, acenando, jogou um lenço branco. O tal foi cair no colo de uma tia minha, que dinartista doente, pediu minha cabeça. Mas, fui "salvo" pela compreensão de mamãe. Das pessoas que conheci me lembrei de seu Domingos (pai de Souza Silva), os chefes escoteiros Alencar, Lourenço (que estava presente ao evento), dona Alice, mãe do meu amigo Salvador, Pontes do DER, Chico, porteiro do “Padre Miguelinho”, e aquele doido negro que andava com uma argola no nariz e outra na orelha. Entre outros. E voltando a Caminhada, me lembro agora que, ao chegarmos à subida da Avenida 7, depois de atravessarmos aquele mar de sujeira e fedor de peixe (por que a prefeitura não lava as ruas depois que a feira acaba?), a Kombi, contratada pela prefeitura – eu escrevi “Kombi”. Não trio elétrico, como se faz na Cidade Alta! –, apagou. E aí foi aquela solidariedade total para fazê-la subir até a Avenida 2. Depois de passarmos por muitos sacos de lixo, ao longo de toda caminha, chegarmos a Praça Gentil Ferreira. Políticos subiram ao palanque para discursar. E, cansado de ouvir falsas promessas e mentiras, me retirei do evento. - [cp]
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