quarta-feira, 25 de novembro de 2015

UMA NOTA DE FALECIMENTO E MINHAS LEMBRANÇAS CINÉFILAS

Às 08h36min da manhã de hoje fui surpreendido por um telefonema do meu irmão mais velho, dando conta do falecimento de José Thomaz, ocorrido na última quinta-feira. No meio do ano Barcelona já havia perdido seu Edgar. O projetista do cinema local. Agora foi a vez da partida de “Zé”. E, a exemplo de Jacques Perrin – o Totó adulto de Cinema Paradiso (Nuovo cinema Paradiso/1988, de Giuseppe Tornatore) – um turbilhão de lembranças cinéfilas vieram-me perturbar a belíssima visão do Atlântico que rapidamente passava pela janela do ônibus da linha 56 Ponta Negra – Rocas, pela Via Costeira. No meu primeiro tópico, “Na Calçada do Rio Grande ou Meu Cinema Paradiso”, descrevi minha infância cinéfila em minha terra natal, Barcelona/RN. “Seu” Edgar, dono do cinema, que na verdade funcionava no Mercado Público Municipal, unia duas bancas de feira com outra acima. Montava o projetor e direcionava o foco a parede do velho prédio comercial. “Zé Thomaz” – funcionário da loja de tecidos de Sinésio Marques - era o encarregado de receber o filme que chegava, vindo de Natal, no ônibus dirigido por Alvino. Algumas vezes tive o privilégio de acompanhá-lo e, confesso, era umas das maiores felicidades, para mim, ajudá-lo a carregar as pesadas latas amarradas a correias de couro, contendo o filme que seria exibido àquela noite. Como já disse, era o meu Cinema Paradiso. Só não havia as “figuras” do padre censor, e do doido correndo na praça gritando “a praça é minha! A praça é minha!” Naquela época exibiam-se filmes nacionais, e bang-bang à italiana. O preferido, pelo conteúdo se assemelhar a nossa vida rural: cidade pequena, fazendas, cavalos, gados, entre outros animais domésticos. O cinema no mercado não mais existe. Faz anos. “Seu” Edgar também se foi. Por fim, a partida de José Thomaz. E com ele, fecha-se definitivamente um ciclo cinéfilo barcelonense. - [cp]

Texto de 21 de novembro de 2009.

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