Às 08h36min da manhã de hoje fui surpreendido por um telefonema do meu
irmão mais velho, dando conta do falecimento de José Thomaz, ocorrido na
última quinta-feira. No
meio do ano Barcelona já havia perdido seu Edgar. O projetista do
cinema local. Agora foi a vez da partida de “Zé”. E, a exemplo de
Jacques Perrin – o Totó adulto de Cinema Paradiso (Nuovo cinema
Paradiso/1988, de Giuseppe Tornatore) – um turbilhão de lembranças
cinéfilas vieram-me perturbar a belíssima visão do Atlântico que
rapidamente passava pela janela do ônibus da linha 56 Ponta Negra –
Rocas, pela Via Costeira. No
meu primeiro tópico, “Na Calçada do Rio Grande ou Meu Cinema Paradiso”,
descrevi minha infância cinéfila em minha terra natal, Barcelona/RN.
“Seu” Edgar, dono do cinema, que na verdade funcionava no Mercado
Público Municipal, unia duas bancas de feira com outra acima. Montava o
projetor e direcionava o foco a parede do velho prédio comercial. “Zé
Thomaz” – funcionário da loja de tecidos de Sinésio Marques - era o
encarregado de receber o filme que chegava, vindo de Natal, no ônibus
dirigido por Alvino. Algumas vezes tive o privilégio de acompanhá-lo e,
confesso, era umas das maiores felicidades, para mim, ajudá-lo a
carregar as pesadas latas amarradas a correias de couro, contendo o
filme que seria exibido àquela noite. Como já disse, era o meu Cinema
Paradiso. Só não havia as “figuras” do padre censor, e do doido correndo
na praça gritando “a praça é minha! A praça é minha!” Naquela
época exibiam-se filmes nacionais, e bang-bang à italiana. O preferido,
pelo conteúdo se assemelhar a nossa vida rural: cidade pequena,
fazendas, cavalos, gados, entre outros animais domésticos. O
cinema no mercado não mais existe. Faz anos. “Seu” Edgar também se foi.
Por fim, a partida de José Thomaz. E com ele, fecha-se definitivamente
um ciclo cinéfilo barcelonense. - [cp]
Texto de 21 de novembro de 2009.
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