domingo, 5 de janeiro de 2014

CBD PUNE SEVERAMENTE O ABC F.C. DE NATAL

O cidadão da foto é Rildo da Costa Menezes. Ex-jogador de futebol. Começou em 1959 no Íbis, de Paulista/PE. Depois passou pelo Sport Recife, Santos, CEUB de Brasília e jogou no Cosmos de Nova York e outros Clubes norte-americanos. Hoje é técnico de futebol. Mas ele jogou também no ABC Futebol Clube de Natal no ano de 1972.

O excelente artigo, abaixo, publicado no Novo Jornal, Edição de Hoje, conta um fato envolvendo o craque alvinegro e o preço que o “Mais Querido” teve de pagar por dois anos... – (fcésar)




"Rildo, o Héverton do ABC
PENALIZADO COM A MAIOR PUNIÇÃO JÁ APLICADA PELA CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL, ALVINEGRO NATALENSE VIVEU SEUS DIAS DE PORTUGUESA NO CAMPEONATO NACIONAL HÁ 41 ANOS
07:36 05 de Janeiro de 2014

Luan Xavier
DO NOVO JORNAL

O Campeonato Brasileiro de 2013 ainda rende. Depois das 38 rodadas estabelecidas, o certame já teve mais duas na Justiça Desportiva e, agora, entra na 41ª disputa, desta vez na Justiça Comum. A punição que determinou o rebaixamento da Portuguesa para a Série B pode até ser a mais polêmica da história do Brasileirão, mas ainda assim não chega perto do que sofreu o ABC nos primórdios da competição nacional.

O ano era 1972 e Natal estava em polvorosa. Naquele ano era inaugurado o Estádio Humberto de Alencar Castelo Branco, o Castelão, que só depois de 1989 passou a ser chamado de Machadão.

Aquele 72 também era ano da conquista do tricampeonato estadual pelo estrelado time do ABC Futebol Clube, que naquela temporada fazia sua estreia no Campeonato Nacional de Futebol, organizado pela então Confederação Brasileira de Desportos.

Pelo certame nacional, que reunia as principais equipes do país em um mesmo módulo de disputa, o Alvinegro protagonizou partidas memoráveis contra Grêmio, Flamengo e Palmeiras. Comemorou ainda vitórias (ambas por 2 a 1) em cima da Portuguesa e do Botafogo de Marinho Chagas – que deixara o clube uma temporada antes – e Jairzinho.

Foi justamente nesta partida contra o alvinegro carioca que o ABC cometeu o erro que lhe custou a maior punição já imposta a um clube participante do Campeonato Brasileiro em toda a história desta competição.

Era tarde de 25 de novembro quando os jogadores abecedistas subiram ao gramado do Castelão vestindo camisas, calções e meiões brancos para fazer a partida que determinaria o futuro do clube nos próximos anos.

Enfrentando sua última grande revelação naqueles anos, o ala-direito Marinho Chagas, dono da Bola de Prata de 1972, o alvinegro natalense bateu o Botafogo pelo placar de 2 a 1 com gols de Alberi e Petinha. Zequinha descontou para o time do Rio de Janeiro.

A partida, memorável por si só, se tornaria inesquecível quando dias mais tarde a Confederação Brasileira acusou o uso de três jogadores irregulares no plantel abecedista.

Um deles era o sucessor de Marinho Chagas, o ala-esquerdo Rildo. Assim como o zagueiro Nilson, ele estava suspenso pelo Tribunal de Justiça Desportiva e, portanto, não poderia entrar em campo.

Além disso, havia ainda em campo o meia Marcílio, que sequer estava regularizado e, como sabiam os dirigentes do ABC, também não poderia ter jogado.

A escalação do trio foi considerada uma afronta pela CBD. Para punir o ABC “em caráter exemplar”, os cartolas máximos do futebol nacional à época alegaram insubordinação à legislação esportiva.

Em acórdão publicado integralmente pelos jornais locais e repercutido por toda a mídia nacional, o sempre conhecido como ABC de Natal foi punido com uma dose de dureza um tanto maior em relação ao que foi aplicado recentemente para o caso da Portuguesa: suspensão de dois anos do Campeonato Nacional.

A Revista Veja atrelava o erro do ABC à falta de profissionalismo do clube. A publicação dizia em sua edição de dezembro de 1972 que clube passava por épocas difíceis e que o retrato disso era a sede de Morro Branco: “goteiras no teto, várias camas com colchão de palha e abastecida por um poço poluído”.

Acrescentava ainda que os jogadores treinavam em um campo de areia, com traves tortas e lixo acumulado ao redor. O Nacional de 72 era para o ABC, portanto, a grande chance de – aparentemente a qualquer custo – angariar recursos para arrumar a casa e pagar dívidas datadas desde 1967.

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