Alô meus caros conterrâneos!
EU NASCI EM BARCELONA
A MINHA TERRA QUERIDA
UMA CIDADE ESQUECIDA
QUE DA POBREZA É A DONA
LÁ NÃO TEM UMA SANFONA
PRA GENTE SE DIVERTIR
LÁ SÓ HÀ UM BEM-TI-VI
QUE PASSA O DIA CANTANDO
EU TAMBÉM NASCI CHORANDO
AS MARGEN DO POTENGI...
Ganhei esses versos, como presente de aniversário, em julho
de 2000. Mesmo sem conhecê-la o poeta Chico Quelé, de Encanto/RN, há
definiu exatamente como é minha terra; que um dia deixei, mas, quem sabe se um
dia não volto a tomar água em suas cacimbas? Enquanto isso não acontece vou
ficando aqui na comunidade encontrando vocês e recordando a nossa história,
que, aliás, é riquíssima... Estive recentemente em Barcelona, fui ao enterro de "Doutor".
Vi, por exemplo, que a casa onde "Mãe Marica" (Maria Cândido) me
pegou não é mais a mesma. Estava modificada. São os ecos do progresso. Mas será
que o progresso não pode chegar sem destruir? Vi que muitas outras mudanças
haviam acontecido e, lembrei de acontecimentos, pessoas e outros.
LEMBRE...:
- do Rio Potengi
- da calçada da Cooperativa, à tarde
- de subir a Pedro Eurico para jogar na "quadra"
- do campo de futebol, na frente do cemitério
- do "Cinema" de seu Edgar
- de Zé Thomaz esperando as latas com o filme,
que chegava à tardinha, no ônibus dirigido por Alvino
- da inconfundível voz de Dona Eulália, cantando no meio da
procissão
- de Pedro "Gigante" acordando quem ia viajar, ás 4 da manhã
- das campanhas da ARENA, lideradas por Vavá
- de Agaci boatando o que ia almoçar, e convidando Barecelona
toda (Conceição ficava uma "fera"!!!)
- de madrinha Cristina, viúva de seu Ademar
- de seu Renato Rocha, Dona Didi e filhos
- do "mudo" de Genésio
- Zé Tuca (um índio tapuia que vagava pela cidade).
- de pegar "morcego" no trator de "Dedé Choia"
- da Amplificadora Ouro Branco de Barcelona, "transmitindo de sua
Sede, à Rua Getúlio Vargas, para toda à cidade"
- da paciência da minha prima "Bibi", quando eu chegava
atrasado
- do corte de cabelo (estilo militar) na barbearia de Pedro de
"Quinca"
- de Chico Raposa e Lourdes
- Zé de Noêmia e filhos (Francisca Maria, sua filha, está no meu Face)
- do "laquê" de Conceição de Agaci
- de um bando de senhoras, com seus vestidos coloridíssimos, fumando
cachimbo (no dia da feira), na sala com minha avó "Lilia"
- do pão doce (com coco) na padaria de Hugulino
- de tia Alice (a cara de Barcelona!), procurando gatos e cachorros,
para alimentá-los (e do seu artesanato com quengas de coco, latas de doce...)
- de Miguel Nunes, vendendo bananas, laranjas e abacaxis, no mercado
- de "Ontonhi Garapa" (Antônio Dias)
- do radicalismo protestante de "Ontonhi Canhindo (Antônio Cândido)
- dos deliciosos "carrapichos" de Dona Julieta de Vavá
- dos "judas" de Joaquim de Sousa, na Semana Santa
- de madrinha Arister soltando foguetões, no São João
- de “Chico Preto"
- de *“Sariema” e família
- de Maria de "Ciço" e seu filho "Sinhô"
- do fanático abecedista "Neguinho" de Cristino
- da "diplomacia" de Genoso
- dos toques do sino da igreja, por Eronides
- do doce de leite, na barraca do filho de Cesário
- de Hildebrando, "Herói da Resistência"
- daquela turma de "passadores" do rio, liderados por Severino
Lolô
- do "lanche", no dia de eleições (cachorro-quente com
refresco)
- dos "clássicos" Barcelona X Rui Barbosa
- de caçar de baladeira nas terras de Chicó Marques ou de Silvininho
- dos casamentos no Cartório de seu Nascimento Maurício (toda
segunda-feira tinha um)
- do cheiro de Brilhantina Zezé, no meio da feira
- do último dia em que vi Gabriel de Batista "Babão"
- do medo que eu tinha da cara "fechada" de Dona Sinhá
- de Seu Jacó (Jacob)
- dos meus avós: Luiz Barbosa e Maria
- de "Ciço flandileiro"
- de Chico de Costinha batendo foto no meio das festas
- do bar de Nestor
- do bilhar de "Ciço" Venâncio
- de um cafezinho na barraca de Júlio Batista
- de Júnio de Lalau
- de "Tico Meu"
- de "Chibatata"
- da Rua Velha
- do velho Cruzeiro
- de Chico de Dondon
- do leite com canela, na casa de Valdenora
- de Chico dos "Ovos", e a turma perturbando: "seu Chico,
dona Ana vai votar em seu 'Teófu' (Teófilo)". Ele virava a cabeça e
rebatia: "fartava!"
- de "Jake"
- de "Cabo" Antônio
- de João Bernardo tocando seu cavaquinho. Detalhe: eu não conseguia
ouvir nada do instrumento dele (rsss...)
- de Irene de Manso
- de Chico de Irene
- de Agamenon (e Helena), de Pedro (e Eurídes), Anchieta (e Teresinha) e
todos da casa de Dona Antônia
- de Saturninho
- dos filhos de Pedro "Gato"
- dos filhos de Agaci
- dos filhos de Nascimento Maurício
- dos filhos de Sinésio (destaque para a beleza clássica de Eva...)
- de um café com bolo, no local de Lourdes Sotero
- das lojas de fazenda de Chicó, Arnaldo, Sinésio e Aurino Marques
- de Birino
- de minha prima Socorro Barbosa e família (o jipe de quatro portas de seu
pai, meu tio-avô Chico Barbosa, era uma atração – para mim – no dia da feira)
- de seu Augusto Lídia, “Dona” Marta e filhos
- de seu Aureliano, Dona Joana e filhos
- de seu Sebastião Martins, Dona Isabel e filhos (uma das filhas me
ensinou o bê a bá)
- de Chico Cazuza e Lulu
- de Sebastião
- de Zé Maria
- de “Dedé Paêta"
- de Novo "Manteiga"
- de Janeide, falando ao telefone (de manivela): "Alô, alô! Santa
Cruz? Aqui é Barcelona. Quero passar um telegrama! Alô, alô?!"
- de seu Joaquim (de Janeide) curtindo Agnaldo Timóteo
- de um banho na barragem de Sinésio
- da atenção que o vereador Demóstenes me dava
- de Tota Arú (é assim que se escreve?)
- do "retratista" Luiz Birro
- do misto de seu Juvino
- da "sopa" de seu Zeca (Natal-São Tomé)
- dos vaqueiros Bodoroca, Orlando, Mané Patinho e João Neco
- de seu Hugo Pereira (acreditando que "um país se faz com
técnicos")
- de "Mestre" Elias, madrinha Luíza e filhos
- de Rocha
- de Cláudio
- do cachorro-quente de Dão
- de Júnio de Bodoroca
- aquela turma dos Memeu
- de Magela
- de Maneco
- de Joãozinho de seu Quinininho
- do pé de "oiticica"
- de Tonheca
- de seu Quinca Maria
- de Adriel e Maria, sua irmã
- de Geralda de Boa e filhos
- dos discursos entusiásticos de Agaci, em comícios
- do "Doido" de Roque
- de Aprígio e sua tropa de burros
- de Dodôra
- de Venina tocando violão, e seu Malaquias só "filmando" os
"candidatos"
- de andar a cavalo
Citei quase a cidade inteira! Mas sei que faltou muita gente. Os
demais membros da comunidade podem completar a lista para que todos sejam
lembrados. Pois Barcelona é uma daquelas cidades esquecidas por Deus e pelos os
"Homens de Boa Vontade (sic)"... Cabe a nós resgatá-la. Um abraço a
todos. [cp]
Texto de junho de 2007. *O homem, que escolhi para ilustrar este meu
texto, é José Ferreira
Vasconcelos. Carinhosamente conhecido como “Sariema”. Foto: U. Dettmar).
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