sábado, 25 de julho de 2015

BARCELONA RN.




Alô meus caros conterrâneos!



EU NASCI EM BARCELONA

A MINHA TERRA QUERIDA

UMA CIDADE ESQUECIDA

QUE DA POBREZA É A DONA

LÁ NÃO TEM UMA SANFONA

PRA GENTE SE DIVERTIR

LÁ SÓ HÀ UM BEM-TI-VI

QUE PASSA O DIA CANTANDO

EU TAMBÉM NASCI CHORANDO

AS MARGEN DO POTENGI...



Ganhei esses versos, como presente de aniversário, em julho de 2000.  Mesmo sem conhecê-la o poeta Chico Quelé, de Encanto/RN, há definiu exatamente como é minha terra; que um dia deixei, mas, quem sabe se um dia não volto a tomar água em suas cacimbas? Enquanto isso não acontece vou ficando aqui na comunidade encontrando vocês e recordando a nossa história, que, aliás, é riquíssima... Estive recentemente em Barcelona, fui ao enterro de "Doutor". Vi, por exemplo, que a casa onde "Mãe Marica" (Maria Cândido) me pegou não é mais a mesma. Estava modificada. São os ecos do progresso. Mas será que o progresso não pode chegar sem destruir? Vi que muitas outras mudanças haviam acontecido e, lembrei de acontecimentos, pessoas e outros.

   

                    LEMBRE...:

- do Rio Potengi

- da calçada da Cooperativa, à tarde

- de subir a Pedro Eurico para jogar na "quadra"

- do campo de futebol, na frente do cemitério

- do "Cinema" de seu Edgar

- de Zé Thomaz esperando as latas com o filme, que chegava à tardinha, no ônibus dirigido por Alvino

- da inconfundível voz de Dona Eulália, cantando no meio da procissão

- de Pedro "Gigante" acordando quem ia viajar, ás 4 da manhã

- das campanhas da ARENA, lideradas por Vavá

- de Agaci boatando o que ia almoçar, e convidando Barecelona toda (Conceição ficava uma "fera"!!!)

- de madrinha Cristina, viúva de seu Ademar

- de seu Renato Rocha, Dona Didi e filhos

- do  "mudo" de Genésio

- Zé Tuca (um índio tapuia que vagava pela cidade).

- de pegar "morcego" no trator de "Dedé Choia"

- da Amplificadora Ouro Branco de Barcelona, "transmitindo de sua Sede, à Rua Getúlio Vargas, para toda à cidade"

- da paciência da minha prima "Bibi", quando eu chegava atrasado

- do corte de cabelo (estilo militar) na barbearia de Pedro de "Quinca"

- de Chico Raposa e Lourdes

- Zé de Noêmia e filhos (Francisca Maria, sua filha, está no meu Face)

- do "laquê" de Conceição de Agaci

- de um bando de senhoras, com seus vestidos coloridíssimos, fumando cachimbo (no dia da feira), na sala com minha avó "Lilia"

- do pão doce (com coco) na padaria de Hugulino

- de tia Alice (a cara de Barcelona!), procurando gatos e cachorros, para alimentá-los (e do seu artesanato com quengas de coco, latas de doce...)

- de Miguel Nunes, vendendo bananas, laranjas e abacaxis, no mercado

- de "Ontonhi Garapa" (Antônio Dias)

- do radicalismo protestante de "Ontonhi Canhindo (Antônio Cândido)

- dos deliciosos "carrapichos" de Dona Julieta de Vavá

- dos "judas" de Joaquim de Sousa, na Semana Santa

- de madrinha Arister soltando foguetões, no São João

- de “Chico Preto"

- de *“Sariema” e família

- de Maria de "Ciço" e seu filho "Sinhô"

- do fanático abecedista "Neguinho" de Cristino

- da "diplomacia" de Genoso

- dos toques do sino da igreja, por Eronides

- do doce de leite, na barraca do filho de Cesário

- de Hildebrando, "Herói da Resistência"

- daquela turma de "passadores" do rio, liderados por Severino Lolô

- do "lanche", no dia de eleições (cachorro-quente com refresco)

- dos "clássicos" Barcelona X Rui Barbosa

- de caçar de baladeira nas terras de Chicó Marques ou de Silvininho

- dos casamentos no Cartório de seu Nascimento Maurício (toda segunda-feira tinha um)

- do cheiro de Brilhantina Zezé, no meio da feira

- do último dia em que vi Gabriel de Batista "Babão"

- do medo que eu tinha da cara "fechada" de Dona Sinhá

- de Seu Jacó (Jacob)

- dos meus avós: Luiz Barbosa e Maria

- de "Ciço flandileiro"

- de Chico de Costinha batendo foto no meio das festas

- do bar de Nestor

- do bilhar de "Ciço" Venâncio

- de um cafezinho na barraca de Júlio Batista

- de Júnio de Lalau

- de "Tico Meu"

- de "Chibatata"

- da Rua Velha

- do velho Cruzeiro

- de Chico de Dondon

- do leite com canela, na casa de Valdenora

- de Chico dos "Ovos", e a turma perturbando: "seu Chico, dona Ana vai votar em seu  'Teófu' (Teófilo)". Ele virava a cabeça e rebatia: "fartava!"

- de "Jake"

- de "Cabo" Antônio

- de João Bernardo tocando seu cavaquinho. Detalhe: eu não conseguia ouvir nada do instrumento dele (rsss...)

- de Irene de Manso

- de Chico de Irene

- de Agamenon (e Helena), de Pedro (e Eurídes), Anchieta (e Teresinha) e todos da casa de Dona Antônia

- de Saturninho

- dos filhos de Pedro "Gato"

- dos filhos de Agaci

- dos filhos de Nascimento Maurício

- dos filhos de Sinésio (destaque para a beleza clássica de Eva...)

- de um café com bolo, no local de Lourdes Sotero

- das lojas de fazenda de Chicó, Arnaldo, Sinésio e Aurino Marques

- de Birino

- de minha prima Socorro Barbosa e família (o jipe de quatro portas de seu pai, meu tio-avô Chico Barbosa, era uma atração – para mim – no dia da feira)

- de seu Augusto Lídia, “Dona” Marta e filhos

- de seu Aureliano, Dona Joana e filhos

- de seu Sebastião Martins, Dona Isabel e filhos (uma das filhas me ensinou o bê a bá)

- de Chico Cazuza e Lulu

- de Sebastião

- de Zé Maria

- de “Dedé Paêta"

- de Novo "Manteiga"

- de Janeide, falando ao telefone (de manivela): "Alô, alô! Santa Cruz? Aqui é Barcelona. Quero passar um telegrama! Alô, alô?!"

- de seu Joaquim (de Janeide) curtindo Agnaldo Timóteo

- de um banho na barragem de Sinésio

- da atenção que o vereador Demóstenes me dava

- de Tota Arú (é assim que se escreve?)

- do "retratista" Luiz Birro

- do misto de seu Juvino

- da "sopa" de seu Zeca (Natal-São Tomé)

- dos vaqueiros Bodoroca, Orlando, Mané Patinho e João Neco

- de seu Hugo Pereira (acreditando que "um país se faz com técnicos")

- de "Mestre" Elias, madrinha Luíza e filhos

- de Rocha

- de Cláudio

- do cachorro-quente de Dão

- de Júnio de Bodoroca

- aquela turma dos Memeu

- de Magela

- de Maneco

- de Joãozinho de seu Quinininho

- do pé de "oiticica"

- de Tonheca

- de seu Quinca Maria

- de Adriel e Maria, sua irmã

- de Geralda de Boa e filhos

- dos discursos entusiásticos de Agaci, em comícios

- do "Doido" de Roque

- de Aprígio e sua tropa de burros

- de Dodôra

- de Venina tocando violão, e seu Malaquias só "filmando" os "candidatos"

- de andar a cavalo



  Citei quase a cidade inteira! Mas sei que faltou muita gente. Os demais membros da comunidade podem completar a lista para que todos sejam lembrados. Pois Barcelona é uma daquelas cidades esquecidas por Deus e pelos os "Homens de Boa Vontade (sic)"... Cabe a nós resgatá-la. Um abraço a todos. [cp]





Texto de junho de 2007. *O homem, que escolhi para ilustrar este meu texto, é José Ferreira Vasconcelos. Carinhosamente conhecido como “Sariema”.  Foto: U. Dettmar).

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