Meu último encontro com Arnildo
Albuquerque – O Rábula – se deu dia 20/05. Eu estava, ainda, usando barba. Como
sempre, o encontro se deu na mal iluminada Praça Padre João Maria. Na verdade,
quando cheguei, caia um “toró”. Ele estava à porta do Edifício 21 de Março,
onde mora. Depois que a chuva parou, sentamos. Com bancos molhados e tudo o
mais. E começamos a falar de vida alheia. Uma verdadeira miscelânea:
Chateaubriand (1892-1968), Samuel Wainer (1910-1980), Getúlio Vargas
(1852-1954), Mario Quintana (1906-1994), Dorival Caymmi (1914-2008), Euclides
da Cunha (1866-1909), Evaristo de Morais (1871-1939), Dilermando de Assis
(1888-1951), Ana Emilia Ribeiro (1872-1951), Orlando Tejo (1935-198?) e recitou
versos de Zé Limeira – O Poeta do Absurdo:
“A virgem Maria estava
Brigando com São José:
Você vendeu a jumenta
Me deixou andando a pé
Desta maneira eu termino
Voltando pra Nazaré!
Nisso gritou São José
Maria, deixa de asneira!
Vou comprar outra jumenta
Do jeitinho da primeira,
Quando ouviram uma zuada
No descer duma ladeira
Era um caminhão de feira
Que vinha da Galileia.
São José disse eu vou ver
Se tem canto na boleia
Que possa levar nós três
Até perto da Judeia!
São José deu com a mão,
O motorista parou.
Tem três canto pra nós três?
Jesus foi quem perguntou.
Disse o motorista tem,
Jesus respondeu eu vou!
E foram subindo os três.
Disse o motorista: para!
A gasolina subiu
A passagem é muito cara.
Vocês estarão pensando
Que meu carro é pau-de-arara?
São José puxou da faca
Pra furar os pneus.
Jesus já muito amarelo
Disse assim quando desceu:
Valha-me Nossa Senhora,
Que diabo fizemos eu?!
“.
Depois da incontrolável crise de riso,
entramos – “para variar um pouco” - na vida de Luiz da Câmara Cascudo
(1888-1986). “Maria Boa” foi a “primeira grande dama de Natal”. Maria de
Oliveira Barros (1920-1997) nasceu em Campina Grande, Paraíba, e veio morar em
Natal ainda jovem. Hitler invade a Polônia e Natal entra na 2ª Guerra Mundial.
Milhares de soldados norte-americanos circulam pela “Cidade dos Magos”. Maria
Boa faz tanto sucesso, entre os “filhos” de Tio Sam, que um deles bota o nome
dela em seu B-25. A guerra acaba, mas, Maria continua a brilhar na noite. Os
homens da alta nobreza natalense são assíduos freqüentadores de sua “casa”.
Certa noite um visitante descobre, surpreso, a presença de Cascudo, sentando
sozinho em um canto da sala. O homem se aproxima do “mestre” e procura saber o
que o jornalista faz ali. Cascudo, descruzou as pernas, tirou o charuto da boca
e descartou a cinza, mexeu na gravata borboleta e respondeu:
- Estou estudando costumes... -
[fcésar]
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