Sábado o natalense pôde comemorar o Dia da
Poesia no Mercado de Petrópolis. Eu não
pude ir. Estava fazendo city tour com um grupo de argentinos. Os “hermanos”, assim
como os suecos e finlandeses, vêm em família: marido, esposa, filhos, cachorro,
gatos... Bem diferente da escória européia (da Alemanha para cá) que só se
interessa por prostitutas e drogas. Mas, enfim, vamos à poesia... Como já
disse, não pude comparecer. A foto que ilustra o texto é de 14 de março do ano
passado. O Café São Luiz promoveu uma noite de cultura para os seus freqüentadores.
No momento da foto declamo (e veja só que irônico) falas do professor John
Keating - vivido pelo ator Robin Williams (1951-2014) - no filme “Sociedade do
Poetas Mortos” (Dead Poets Society/1989), de Perter Weir e roteiro de Tom
Shulman). Dizia eu: “Nós não lemos, e escrevemos poesias porque é bonito, mas
sim, porque somos membros da Raça Humana. E a Raça Humana está cheia de paixão.
Medicina, direito, administração, engenharia, são ocupações nobres, necessárias
a vida. Mas poesia, beleza, romance, amor... É isso que nos mantém vivos”. Noutro
momento declamei: “Não importa se o poema tem um tema simples. A poesia mais
bonita pode ser sobre coisas simples. Como um gato, uma flor ou a chuva. Pode
surgir poesia de qualquer coisa que possua vida. Só não deixe seus poemas serem
banais”. Finalizei com este; “Fui à floresta porque queria viver profundamente
e sugar a essência da vida. Eliminar tudo o que não era vida. E não, ao morrer,
descobrir que eu não vivi...”. Em 1990, quando voltei a freqüentar o Café São
Luiz, depois de anos afastado, encontrei uma gama de portas e trovadores, nata
da cultura de Natal. Entre eles, lembro bem de Revoredo Netto, Sebastião
Soares, Francisco Macedo, Francisco Bezerra e Chisquito – o poeta maior. Todos
lamentavelmente já falecidos. Felizmente, ainda entre “nóis”, Ivory, Rodrigues
Neto, Jair Figueiredo, Pedro Grilo, Jonas Ramos Neves e outros que chegavam,
declamavam, e iam embora. Como Chico Potengy, por exemplo. Também em havia a
circulação de zines. Publicações de poesias. Lembro bem do Segrel, A Trombeta e
a revista da Academia dos Trovadores do RN. Infelizmente, com a morte de muitos
dos “cabeças”, a poesia foi morrendo na Calçada do Café São Luiz. Os que ainda
restam, Modesto Afonso, Eurly, dificilmente publicam algo. O que é uma pena. – fcésar
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