O natal de minha
infância teve pouco brilho. Ou quase brilho nenhum. Éramos muito pobres. Uns
mil quilômetros antes da “fase” franciscana. Mal tínhamos para comer e vestir. Mamãe
dava um duro danado – sozinha - para manter as crias. E Papai Noel, por sua
vez, raramente entrava em minha casa. E quando o fazia, nunca levava os
brinquedos que eu sonhava ganhar. Não me lembro de ter ganhou algo realmente
interessante. Contudo, me contentava com o que tinha.
Na fase adolescente as
coisas foram mudando. Alguns amigos me convidavam para passar a Noite de Natal
em suas casas. Num primeiro momento eu até gostava, mas, exceto pelo amigo, os demais
eram desconhecidos. E eu me sentia meio “penetra”. É horrível a sensação...
Quando casei, meu
primeiro natal foi na casa da família de minha mulher. Os outros 23 foram em
minha casa mesmo. Era a festa de Graça. E era aquela correria, o dia inteiro.
Ela tinha um zelo sacerdotal pelo acontecimento. Costumava comprar presentes já
a partir de setembro. “Aproveitava os preços”, dizia ela.
Uma semana antes, os
preparativos para as rabanadas. As irmãs, sobrinhas, a mãe, filhos, todos
ligavam encomendando a iguaria. Podia faltar qualquer coisa - JAMAIS as
rabanadas. E, sem exagero, ainda não comi igual.
Geralmente eu
trabalhava aquele dia, até o meio-dia. Ela me ligava encomendando mais alguma
coisa:
- Meu “filho”, traga
mais refrigerantes, copos descartáveis, batata palha, guardanapos. E traga uma
coisa bem gostosa pra eu comer agora.
- Pode ser eu? - Lhe perguntava.
- Pode, não! Cabra safado!
Dê pra suas “negas”, viu? – E desligava o telefone.
A mesa de minha casa era
linda. Uma toalha coloridíssima, com motivos natalinos, forrava a mesa cheia de
suculentos pratos: Chester, arroz a grega, salpicão, farofa com frutas dentro
(pêssego, manga, passas), entre outras coisas deliciosas. As sobremesas era
mouse (de maracujá, morango), tortas de chocolate, alemã e bolo-pudim. Sucos,
água de coco e refrigerantes completavam a mesa.
Daqui a pouco começava
a chegar parte da família – a minha e a dela. E pessoas muito chegadas. Depois
de abrirmos os presentes, todos à mesa. Graça tinha um talento único para
repartir. Os alimentos se multiplicavam em suas mãos. Era algo bonito de se
ver. Creio que aprendeu com o aniversariante...
Os cães lá de casa sempre
foram muito bem cuidados. Naquela noite Graça preparava um prato especial para
eles dizendo:
- Aqui, meu “filho”,
que você também é “gente!” – Eu ria de me acabar com a cara séria dela.
Todos comiam, bebiam e
se fartavam. E, depois dos costumeiros elogios, iam embora. Ficavam só os da
casa.
No final ela me
abraçava perguntando:
- Gostou “neguinho? Se
não gostou vá jantar na casa da outra! - fcésar
Primo! Eu admiro muito essas suas histórias. Lá se vai os meus comentários junto às críticas, quanto ao tempo de criança, era assim mesmo, o seu não muito diferente do meu, muito embora eu tivesse a regalia de ir para a feste de Natal em nossa cidade no jeep azul do meu pai; lá agente sentava n'uma mesa e vinha uma galinha assada dura que só a (...) e saboreava com guaraná ou grapette. Às vezes nem gelada era. Mas tudo bem, não havia medo de nada, não havia morte, a não ser das galinhas para os festejos do Natal (nascimento do menino Jesus) era tudo muito saudável... tudo puro...tudo sem maldade; medo de que? Simplesmente dos foguetões quando subia. Papai Noel era só na imaginação... rsrsrs. Quanto a Graça não a conheci, mas de tanto vc falar nela acredito que era uma pessoa bem determinada e de um coração enorme... bondoso, embora tinha que saber lidar com duas raças "Souza e Barbosa”, que mesmo diante das encomendas que pedia pra "meu fí" ele, o mesmo tinha uma resposta na ponta da língua "Serve EU?"... kkkkkkkk... Acredito que só pra descontrair, era uma forma de carinho, penso assim. Hoje César, só resta lembranças ...lembranças de bons tempos que não voltam mais. Lembrar com saudades mas nunca com tristeza. "FELIZ NATAL, MUITA PAZ ...SAÚDE PRA VC E TODA SUA FAMÍLIA." Passe o meu abraço fraterno para Terezinha diga que eu mandei acompanhado de muita Saúde. BOAS FESTAS! Socorro Barbosa
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