A foto é da futura
Arena das Dunas. O moderníssimo estádio de futebol da Cidade do Natal, capital
do riquíssimo estado do Rio Grande do Norte... Orgulho do torcedor mais
exigente... Jamais se saberá quanto do dinheiro do contribuinte se gastou para
construir essa aberração em cimento armado e ferros. Como também jamais se
saberá quanto “embolsaram” nessa empreitada. Nossa cidade tinha um estádio de
futebol. O Estádio João Claudio de Vasconcelos Machado (O Machadão). Bonito,
amplo dentro e fora do campo. Capacidade para mais de 50 mil pessoas. Só
precisava de uns ajustes que a poderosa FIFA exige. Pois a governadora Rosalba
Ciarline, e sua equipe, vieram lá de Mossoró, e com o aval do todo poderoso
“dono” do DEM, José Agripino Maia, só para destruí-lo...
Tenho um amigo
internado do Hospital Giselda Trigueiro desde fevereiro deste ano. O rapaz é
soropositivo. Ele era motorista de ônibus urbano. E, sabe como é: meninas novinhas, lindas e
gostosas, estudantes de escolas por onde o ônibus passava, subiam, botavam seus
cadernos e livros sobre o “tabelier”, sentavam sobre o motor, bate-papo, afasta
os cabelos, sorriso, olhar provocador, mão na marcha, mão sobre a mão na
marcha... Mão no cabelo... Mão boba na coxa... Cheiro no cangote... Aquele “o
que vai fazer mais tarde”? E por aí iam... Resultado: foi “premiado” – e sem
direito de recusar o tal prêmio. Faz 10 anos.
Sempre que posso visito
meu amigo. Hoje fui lá vê-lo. Passamos boa parte da manhã juntos. Estava
triste, acabrunhado. Não teve nem animo para um sorriso. Olhar assustado. Impotente
diante do descaso e do abandono em que é vitimado pelo Estado. Aproveitei e fui
com ele no SBT, para uma denuncia, e depois no Ministério Público. Agendaram
para outro dia. É assim: as portas e janelas todas fechadas... Volta para o
hospital... Mais triste ainda... Mais impotente ainda... Só o mês passado ele
comprou, com seu contado dinheiro, vindo de uma miserável aposentadoria, quase
400 reais com remédio. Do seu bolso. Do seu bolso... Tem um que custa 215
reais. O hospital não tem. O médico lhe receita medicamento, mas, o hospital
não tem... Para o leitor ter uma ideia falta Imosec. Imosec... Para uma simples
diarreia. Falta também fenotaína, este é para convulsões... E falta também atenção,
calor humano. Alguns “servidores” não conseguem compreender o sofrimento de
quem tem AIDS. O sofrimento de aidético se soma: moral (rejeição de tudo o que
é lado), psicológico (incapacidade e o medo da morte que se aproxima mais
rapidamente), e físico... Meu amigo está visivelmente debilitado. Anda devagar,
fala quase sussurrando... Precisa conversar. Deixei ele falar... Desculpe,
errei! Eu não deixei “ele” falar... Eu não tinha o que fala... Quase nem falei.
A gente se sente mais impotente do que ele... É horrível! E o que disser poderá
deixa-lo pior do que já está... E como se diz em minha terra: “Se é de falá
mar, é miocalá”.
Mais, alegremo-nos
pessoal! Alegremo-nos! Sejamos felizes! Isso é o que importa! Rosalba vem aí! Outra
vez... O Estádio Arena das Dunas vai sair. E com a graça de Deus e o dinheiro
do contribuinte norte-rio-grandense... Dinheiro que faz falta na educação, na
moradia... Ah, os hospitais que vão para o inferno, sem remédios, sem seringas,
sem papel higiênico, sem álcool gel, sem calor humano... - (fcb/cp)
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