terça-feira, 25 de novembro de 2014

CONSCIÊNCIAS MORTAS



1)  - Escola Base foi uma escola particular da Cidade de São Paulo fechada em 1994. Seus proprietários, o casal Icushiro Shimada e Maria Aparecida Shimada, a professora Paula Milhim Alvarenga e o seu esposo e motorista Maurício Monteiro de Alvarenga foram injustamente acusados pela imprensa de abuso sexual contra alguns alunos de quatro anos. Para quem não lembra, o chamado Caso Escola Base foi um conjunto de acontecimentos – equivocados – que envolveu a imprensa, e as atitudes precipitadas e muito questionadas por parte do delegado que investigou o caso, supostamente agindo pressionado pela mídia televisionada e pelas manchetes de jornais. Não demorou muito e as autoridades descobriram que tudo não passou de fantasias de crianças... Em 1995 Icusiro, Maria, Paula e Maurício moveram uma ação por danos morais contra a Fazenda Pública do Estado. Eles ganharam as duas primeiras instâncias. O processo está em Brasília, aguardando a sentença final. Os órgãos de imprensa processados por danos morais são os seguintes: Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo, O Globo, SBT, TV Record, Rádio e TV Bandeirantes, Revista Istoé e Veja.


2)   - Na semana passada um homem, identificado como Hélio, foi acusado de pedofilia por sua vizinha (com quem tinha uma rixa). O boato deixou a população revoltada e terminou em tragédia.

3)  –  Em 3 de maio do corrente, uma mulher de nome Fabiane Maria, foi linchada e morta, em Guarujá, São Paulo, acusada de seqüestrar crianças. O boato surgiu e se proliferou – a velocidade da luz - em redes sociais.

4)   –  Domingo o Fantástico contou a história de Antônio, funcionário de uma escola em Barueri, São Paulo. Ele é acusado de abusar sexualmente de três crianças de três anos cada...

5)  – Você conhece o filme “A Caça” (Jagten/2012)? Uma excelente obra cinematográfica, dinamarquesa, dirigida por Thomas Vinterberg, com o roteiro de Tobias Lindholm e Thomas Vinterberg. Enredo: em uma cidadezinha do interior da Dinamarca vive um solitário professor de escola primária, vivido pelo ator Mads Mikkelsen. Klara (Annika Wedderkopp) é uma de suas de alunas. Ela tem 6 anos de idade. Carente de carinho familiar (seus pais estão preocupados em satisfazer suas vidinhas medíocres), canaliza suas emoções para o professor. Numa cena ela pega o professor desprevenido e o beija na boca. Com paciência e compreensão o homem a repreende dizendo que ela deve beijar seus pais. A menina se sente rejeitada por aquele que ama. No mesmo dia, já em casa, seu irmão mais velho, junto com um amigo, mostra a garotinha uma foto de um homem nu, excitado, junto com uma mulher nua. Na primeira oportunidade a criança comenta na escola ter visto o pênis do professor. E segue, a partir daí, uma seqüência de entrevistas com a criança, feitas por pessoas erradas, com linguagens erradas. Em uma cena a diretora pergunta: “Você viu ‘leite’”? A menina – não se sabe se por “vingança” (pela rejeição do beijo) ou inocência, por não saber do que se trata o tal “leite” – diz que “sim”... E uma “mentirinha inocente” é suficiente para destruir um ser humano... Recomendo a pais, mestres, psicólogos, e autoridades...

6)  – Estamos vivendo um período medieval. Uma verdadeira barbárie. O caos. As pessoas estão, cada vez mais, se achando no direito de fazer justiça com as próprias mãos. A meu ver tem, em parte, a ver com a incompetência do Estado no que se refere a aplicar a lei. Isso tanto faz com os bandidos de “colarinho Branco” quanto os assassinos do dia a dia. A polícia prende e os juízes soltam no outro dia. Essa “lacuna” - de falta de punição é que está dando o “direito” do povo agir. E tem agido errado. Mesmo em se tratando de um verdadeiro criminoso, nenhum de nós tem o direito aplicar a lei. Agir em nome da lei. Pela lei. A Violência está aí, na tela da TV. Quer seja no famigerado MMA/UFC, nas novelas, nos programas policiais, onde os apresentadores excitam o povo à “justiça”. Depois, ninguém falou nada! Afinal, até onde iremos?... - [chico potengy]



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